domingo, dezembro 23, 2007

O CASO DA MENINA ISABELLA SOB A ÓTICA JURÍDICA E RELIGIOSA

A enigmática morte da menina Isabella Nardoni transformou-se no principal assunto veiculado pelos mais diversos tipos de mídia. Não se pode negar que, pelas circunstâncias em que ocorreu, causa revolta imediata à população, que espera apreensiva pelo desfecho do caso.

Tal sentimento revoltante, citado acima, gera, por parte da grande maioria dos que acompanham o desenrolar dos acontecimentos, sentimento de ódio e julgamento antecipado dos principais suspeitos: o pai e a madrasta da falecida garotinha.

No âmbito do direito pátrio, a Lei Maior do nosso ordenamento, nossa Constituição Federal de 1988, dispõe claramente em seu art. 5º, inciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”.

Com isso, se quer explicitar o fato de que nenhuma pessoa, mesmo que da mais perversa índole, poderá ser apontada como culpada por um crime até que seja devidamente julgada e condenada, ainda que haja indícios suficientes para se deduzir a autoria criminal, só cabendo aplicação de qualquer tipo de pena quando não mais cabíveis quaisquer tipos de recursos na seara do Poder Judiciário.

Ainda mais importante do que a lei dos homens são os ensinamentos divinos. Vendo uma reportagem em que mostrava a travessia dos possíveis culpados da delegacia para sua residência, observei diversas pessoas esmurrando a lataria do automóvel que os conduzia, ao mesmo tempo em proferiam frases como se juízes fossem, do tipo: “assassinos, vocês irão pagar por isso assassinos”.

Imediatamente, surgiu a lembrança de um acontecimento histórico que todos conhecemos, pelo menos nós, habitantes do país que concentra a maior quantidade de católicos no mundo: a morte de Jesus.

Quanta coincidência, não acham? Um homem acusado e uma multidão que o cercava e o julgava, movidos pelo sentimento de justiça (aqui no sentido de vingança), sem, ao menos, conhecer a realidade dos fatos.

Não se faz aqui uma defesa aos acusados, ou uma comparação dos mesmos ao senhor Cristo, como muitos poderiam pensar. O que realmente induziu a escrita destas linhas é o fato claro de que a humanidade nada mudou! De nada adiantou o sacrifício do filho de Deus! Os homens continuam os mesmos. Agem por impulso, julgam, tornam-se vingativos, continuam a apontar “um cisco no olho de outrem, enquanto não percebem a trave que está aos seus olhos”.

Ao final, talvez saberemos o que realmente aconteceu naquela fatídica noite. Os indiciados podem ser os verdadeiros culpados, ou não, apesar dos fortes indícios que corroboram para a primeira opção. É preferível esperar e acompanhar imparcialmente o desvendar da estória, sapientes de que os reais criminosos serão de qualquer modo julgados, senão pela justiça terrena, pela divina.

quarta-feira, maio 09, 2007

A PRESENÇA DE DEUS



Quando criança basta uma simples oração para sentirmos todo fervor da presença de Deus. É como se um manto quente nos cobrisse e nos desse uma sensação de calor ideal: nem quente e nem frio. É com se fossemos encobertos por nossas mães, que permaneceriam ao lado da cama até que dormíssemos.

Contudo, com o tempo, esta sensação de fervor e paz que nos invadia a cada oração torna-se cada vez mais tênue e branda. E é exatamente nesse momento, quando passamos a ser considerados pessoas capazes de praticar, sozinhos, atos da vida cotidiana, quando passamos a responder por nós mesmos, quando adquirimos, dia após dia, mais responsabilidade e maturidade, que necessitamos despertar aquela criança que com o tempo adormeceu.

Torna-se necessário não só despertá-la, mas também alimentá-la, para que ela possa se fortificar com os dias, fortalecendo a nós mesmos. Precisamos, assim, buscar o alimento, e devemos buscá-lo em Deus, traduzindo-o em um grupo de orações, em uma igreja, na oração pessoal, e acima de tudo no afeto familiar, unindo então tudo isto para que possamos dar uma alimentação ideal a este menino que se chama Amor.

E não basta apenas crer, ou ler um belo texto, ou ainda escutar um belo testemunho. Deve-se agir, e atender aos chamados que este menino nos envia a cada instante. Chamados estes que se escondem por atrás de uma voz, de um convite, ou quiçá, por trás até de um simples texto de natal.

sexta-feira, março 23, 2007

O MELHOR DO MUNDO


Qual a melhor “coisa” do mundo? Muitos diriam que é sexo ou mulheres, ou, ainda, sexo com mulheres. Responderiam Deus, religião, conhecimento, amor, filhos, festas, etc.
A melhor coisa do mundo é realizar seus desejos! É realizar imediatamente o que se deseja. Assim, não há “a melhor coisa do mundo”, mas as melhores coisas. Poderia dizer-se, ainda, que há uma melhor coisa para cada instante. A cada novo momento algo novo, um novo desejo e uma possível nova realização.
Nada mais lógico diante do fato de que o homem vive em constante mutação.
Para um faminto, por exemplo, comer é a melhor coisa que existe. Para alguém com muita sede é a água.
Dessarte, a “melhor coisa” está intimamente relacionada com o desejo humano. E em virtude da essência do homem nunca será alcançada por completo. Haverá sempre algo novo a se realizar. O importante, então, é desvincular-se daquilo que não podemos controlar totalmente e vincular-se aquilo que depende única e exclusivamente de nós, só assim será possível viver provando sempre do melhor que a vida tem a nos oferecer, vivendo prazerosamente e evitando dissabores que muitas vezes levam a um caminho sombrio.

quinta-feira, março 08, 2007

AVÓS




Os avós são a parte boa dos pais. Isso, talvez, pelo fato de não mais possuírem a obrigação de educar os netos como tinham com seus filhos, tendo que, por diversas vezes, contrariá-los, ficando às vezes de coração partido, mas preparando-os da melhor maneira para a vida.
Sobra, assim, a parte boa: presentinhos; passeios; mimos; etc.
Contudo, a convivência com os avós pode ser efêmera. Geralmente já os conhecemos velhinhos. Em média, pode-se afirmar que possuímos cerca de duas décadas para usufruirmos de nossos “grandfathers”. E o que são vinte anos quando presentes apenas na memória, quando já vividos?
Como já nos alertava Schopenhauer: “Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo; vista pelos velhos, um passado muito breve.” Talvez por isso, nós, animais de tenra idade, não percebemos o quão ínfimo é esse prazo.
Justamente por isso é importante estarmos ao máximo com nossos ancestrais de segundo grau em linha reta. Eles podem não estar mais lá quando lembrarmos. Afinal, tudo o que é bom na vida se esvai com rapidez.
Talvez um dia, quando enfim nos ocorrer, não seja mais possível dizer “eu te amo”. Não haja mais oportunidade de deitar no colo da vovó, ou sorrir diante de um carinho do vovô.
Um dia, quem sabe, quando tivermos nossos próprios netos, poderemos perceber tamanha a importância dos nossos velhinhos, e quanto valor eles nos dão.
Por fim, quem sabe em algum momento de nossas vidas, nos perdoemos por termos deixado escapar tão extraordinárias oportunidades de estarmos com nossos “vozinhos” e “vozinhas”. E vendo nossos netos, o perdão será lançado, ao percebemos que o que sentimos por eles é tão intenso, que a suas simples existências já bastam para sermos felizes.

sexta-feira, março 02, 2007

HOMENAGEM À MULHER



Há milhares de anos Deus criou a terra, e junto com esta, o homem. Esse, ser supremo, superior dentre os animais, que tudo possuía, sentiu que algo lhe faltava.
O criador, percebendo sua inquietação, presenteou-lhe criando a mulher, um ser belo e cândido, fiel e sábio, cuja ternura o faz conhecer o bem e o mal mais prazeroso, o faz agir como criança e por muitas vezes alimentar uma tênue esperança de um dia ao seu lado viver.
Desde então, quantas “Evas” passaram, quantas lutaram, e venceram, e vencem, e provam a cada dia que o amor é um paradoxo.
Escravo? É certamente o homem! Pois quem pode livre ser, vendo-a com juízo sossegado, se o cupido que de olhos é privado, dentro de vossos olhos mora.

DIA 08 DE MARÇO. DIA DA MULHER.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

COMO SABER SE É FELIZ


Acredito que todas as pessoas possuem recordações de pelo menos um momento do qual lembra-se com bastante saudade, pelo fato de ter sido uma ocasião de felicidade enorme. Lembranças de uma época em que se foi feliz. Como quando, recordando algo, afirmamos: Ahhh, como era bom naquele tempo!
Geralmente, durante todo o dia, pensamos no que passou e no porvir. Fazemos planos, recordamos fatos, pessoas, etc. Gastamos cerca de noventa e cinco por cento do nosso tempo pensando no passado e no futuro, o restante fica com o presente.
Pensando nisso cheguei à conclusão de que sou feliz. Sou feliz agora, no presente! E não foi necessário muito esforço. Bastou me imaginar anos à frente, uns vinte por exemplo, e pensar no que diria a mim mesmo quando lembrasse da época em que hoje vivo. Indubitavelmente eu pensaria: Ahhh, como era bom naquele tempo!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

SE NASCESSE DENOVO



Se eu nascesse novamente, mais do que sou não queria ser!
Desejaria me chamar Edilson Santana Filho, ser filho de Edilson Santana Gonçalves e Maria José Dantas, ter como avós exatamente os que tenho, possuir como primos e irmãs aqueles que hoje os são, e família infungivelmente igual a que possuo hoje.
Quereria cortar a cabeça aos seis anos de idade, cair da bicicleta aos dez, me vestir de super-herói aos sete, ganhar o "meu primeiro gradiente" aos oito, viver na cidade de Missão Velha até os nove, ir com meu avô à fazenda durante a infância, e formular trocadilhos quando algo me inquietasse.
Aos doze aspiraria uma mudança à cidade de Juazeiro do Norte e logo após, à Fortaleza. Estudaria nos mesmos colégios que estudei, teria os mesmos amigos que ainda hoje tenho.
Nasceria na cidade de Barbalha; desfilaria fantasiado de "sete anões"; pularia de um carro em movimento; me apaixonaria inocentemente; poluiria a sala de aula com um líquido chamado “peido chinês”; torceria pelo Ceará Sporting Club; ingressaria no curso de Direito; e no dia quinze de maio de dois mil e quatro, por volta das vinte e três horas e meia, escreveria um pequeno texto dizendo que se algum dia viesse a mais uma vez nascer desejaria ser, certamente, o que hoje sou.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

SALTE!


Toda a noite se passou e nenhuma palavra.
Um ao lado da porta direita. Outro ao lado da porta esquerda. Ambos no banco traseiro.
A conversa rolava a todo vapor entre os demais passageiros. Rebeca, a mais extrovertida, puxava os assuntos:
- Quem aqui quer ir tomar um sorvete?
- Olha o cachorro, seu louco. Quase que bate.
- De novo! Haa...
E os olhares dos que se encontravam nos limites do banco traseiro fixavam-se nos lados opostos da rua: um olhava para direita. Outro, para esquerda.
Faltava um salto. Tudo o que faltava era um salto de aproximadamente quarenta centímetros.
Um salto que ia do cérebro ao coração. Um salto que ia da razão, do orgulho e de um jogo marcado, ao sentimento, à entrega total, ao medo de errar, ao amor. Tudo o que faltava era uma palavra, um gesto, uma análise de si mesmo e uma constatação de que a culpa não era de ninguém.
Passou a noite.
Passaram-se os dias.
E, assim, também os meses e os anos.
E hoje, depois de passada toda a vida, os dois arrependem-se dia após dia por não terem saltado.

PARADOXO DO SENTIMENTO


Com a mesma intensidade com que despertamos com a luz do dia os sentimentos amorosos despertam com a escuridão lunar.
Despertamos com raios solares. É bem verdade que existem algumas exceções, como os bêbados e os poetas. Viram pra lá. Rolam pra cá. Enterram a cabeça no travesseiro. Mas acordam!
Ao longo do dia, involuntariamente repetimos, para nós mesmos, nossa última vitória:
- Eu a esqueci! Eu a esqueci! Eu a esqueci... AH eu a esqueci...
- Agora sim ela vai me procurar! Mulher é assim: Gosta é de ser deixada de lado!
- Há, mas quando ela me procurar. Vou dizer-lhe tudo o que ta engasgado aqui: Vou dizer que a esqueci. Que é tarde de mais. Que não significou nada para mim. Que vá embora e me esqueça. Que prefiro uma qualquer do que ela.
- E quando ela começar a chorar, e me pedir perdão. Quando disser que sem mim não vive. Que sou o amor da sua vida. Que prefere morrer a viver sem mim. Viro a cara e vou-me embora.
- Contarei pros meus amigos tudo de uma maneira hilariante. Escutarei minha secretária eletrônica na frente de todos para que escutem sua voz trêmula e seu choro. Configurarei meu e--mail para enviar suas mensagens diretamente para a lixeira do computador, e darei um jeito para que ela saiba disso.
Mas os sentimentos amorosos despertam com a noite. E intensificam-se ao adentrar-lhe. E aquela repetição longa e contínua, que nos lembrava a cada instante que havíamos vencido a batalha contra o exercito do coração, repentinamente desaparece. O sutil silêncio da noite faz nos sentirmos sozinhos e inseguros.
Tentamos dormi. Não conseguimos.
As notícias que chegaram até nós, sobre ela, de maneira não identificável, ao longo do dia, começam a ser analisadas.
Relutamos.
Uma música. Um filme. E pronto. Mas uma vez escravizados estamos. Refletimos e pensamos se ela também está pensando na gente naquele momento. Refletimos mais um pouco. Passamos um bom tempo refletindo. Lembramos dos momentos felizes anteriores e porvir. Pensamos até mesmo na concorrência.
- Mas ele não é de nada! Afirmamos a nós mesmos.
- Contudo é bom não facilitar! Afirmamos subconscientemente.
Decidimos ligar. Ensaiamos a fala. Tomamos coragem. E notamos que já são duas horas da madrugada.
- Amanhã eu ligarei!
Deitamos. Adormecemos pensando nela e no que iremos falar. Simulamos até a conversa que teremos, imaginando sempre que as respostas serão as melhores possíveis.
- Oi.
- Olá.
- Como Vai?
- To morrendo de saudades! Volta pra...
E despertamos no dia seguinte cheios de si, repetindo involuntariamente, para nós mesmos, nossa última vitória...

free counters Desde 12.07.2010